As cerimónias fúnebres do Presidente polaco Lech Kaczynski deverão decorrer durante o próximo sábado, uma semana depois do acidente aéreo que custou a vida ao chefe de Estado da Polónia, à sua mulher e outras 94 pessoas, entre altos líderes políticos, militares e religiosos. De forma irónica, Kaczynski morre no final de uma viagem à Rússia, onde iria prestar homenagem a militares polacos mortos durante a II Grande Guerra em Katyn. A comitiva rumava à região russa de Smolensk, para essa homenagem a 22 mil oficiais polacos assassinados às ordens de Estaline, em 1940, quando o avião Tupolev em que viajavam falhou uma quarta tentativa de aterragem e se despenhou a escassas centenas de metros do aeroporto militar de Smolensk.
No acidente morreram, alem de Kaczynski e a sua mulher, os principais chefes das Forças Armadas polacas, o governador do banco central e o chefe do Comité Olímpico da Polónia.
O corpo de Lech Kaczynski foi repatriado ontem para a Polónia, depois de ter sido identificado pelo seu irmão gémeo, o ex-primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski, e deverá ficar em câmara ardente a partir de amanhã.
A indicação de que as cerimónias fúnebres deverão decorrer este sábado foi avançada pelo diário de centro-esquerda Gazeta Wyborcza.
Para já, está por decidir o local onde decorrerão as exéquias fúnebres, estando três hipóteses em cima da mesa: a catedral de Varsóvia, o cemitério de Powazki ou a catedral de Wawel, em Cracóvia, local onde repousam reis e presidentes. Com a tradição a fazer recair a escolha por Wawel, é no entanto apontada a falta de espaço no histórico cemitério.
Para já, as dificuldades em tomar uma decisão têm a ver com o facto de na era pós-comunista da Polónia não ter sido realizado qualquer funeral de um chefe de estado, uma vez que todos os três presidentes desta era (Wojciech Jaruzelski, Lech Walesa e Aleksander Kwasniewski) serem ainda vivos, pelo que não foi ainda estabelecido um protocolo oficial para esta ocorrência.
"Não temos qualquer experiência na história da nova República", assinalava esta manhã Elzebieta Jakubiak, deputada do Partido de Direita e Justiça (PiS) e antiga chefe de gabinete do Presidente Kaczynski. Jakubiak acrescentou que as cerimónias poderão vir a prolongar-se por todo o fim-de-semana.
Aguardados chefes de Estado de todo o Mundo
Entre as figuras aguardadas para as últimas homenagens a Lech Kaczynski estão os presidentes russo Dmitri Medvedev e norte-americano Barack Obama. A presença de Medvedev já foi apontada pelo chefe da diplomacia polaca, Radoslaw Sokorski, estando por confirmar a deslocação de Obama.
"Mesmo isso (presença de Barack Obama) não está fora de questão. Estou à espera que o Mundo inteiro compareça em Varsóvia (para os funerais)", referiu Sokorski em declarações à rádio Tok FM.
Entretanto, continuam a chegar à Polónia reacções de pesar dos vários quadrantes políticos. Da parte da União Europeia, foram vários os responsáveis que enviaram mensagens de apreço pelo desempenho político do malogrado Presidente.
O presidente da comissão Europeia, Durão Barroso, saudou Kaczynski como "um patriota polaco que ao mesmo tempo se empenhou em nome da união Europeia".
Com uma mensagem de "sinceras condolências à Polónia pela morte do Presidente Kaczynski, da sua mulher e daqueles que o acompanhavam. Tive oportunidade de trabalhar de forma estreita com o Presidente Kaczynski num espírito de lealdade".
"A Polónia perdeu um grande patriota e um grande chefe de Estado", declarou o Presidente da UE, Herman van Rompuy, secundado pelo Presidente do Parlamento Europeu, o polaco Jerzy Buzek, que lamentou a perda de um amigo e de um grande homem da política polaca.
A morte de Kaczynski levou hoje ao adiamento de uma visita à Polónia de Catherine Ashton, a responsável pela política externa da EU.
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